Mónaco é outro mundo
José Barros estagiou na equipa do amigo Leonardo Jardim durante o defeso
Walter Faria
José Barros volta a liderar o projecto futebolístico da AD Camacha para a temporada que se afigura. Apesar de não esconder a ambição de atingir propósitos mais altos na carreira, o técnico camachense sente-se bem numa casa que diz ser a sua.
E enquanto a oportunidade não surge, vai convivendo com a realidade de um campeonato muito competitivo, procurando também actualizar-se em termos de conhecimentos. E que melhor forma de o fazer que não seja ao lado de um amigo, o técnico do Mónaco, Leonardo Jardim? Pois bem, José Barros esteve recentemente no principado monegasco, cumprindo um estágio junto da equipa técnica madeirense liderada por Leonardo Jardim e onde se apercebeu da projecção que o futebol português desfruta em toda a Europa.
“No Mónaco vivem grandes figuras, mesmo do topo do futebol mundial, ou outros que apesar de já não estarem no relvado mantêm ainda hoje actividade directa com o futebol internacional. E é bem notória a importância que é concedida ao futebol português ao nível de jogadores, treinadores, agentes e até árbitros. Isto dá-nos um grande orgulho e constata-se que o campeonato português é solicitado para a valorização de potenciais talentos ou para a procura de valores emergentes.
O treinador português é muito bem sucedido em diversos campeonatos europeus. Aliás, ainda recentemente Pedro Caixinha venceu a Supertaça no México. Noutros sectores Luís Campos é um alto dirigente no Mónaco e há outro na Fiorentina”, exemplificou.
Partiu para o Mónaco com a intenção de acumular mais conhecimentos e esse propósito foi plenamente atingido. “Deparei-me com realidades diferentes que me vai permitir ficar mais capaz tornando esta uma experiência enriquecedora. É claro que a minha proximidade com o Leonardo Jardim tornou mais fácil esta experiência, dando-me acesso a muitas situações do futebol de alto rendimento.”
E diz ter sentido um “enorme orgulho” por lidar com uma equipa técnica quase toda madeirense num clube de topo. “Foi gratificante constatar que são reconhecidos, que são muito enaltecidos dentro de uma sociedade com poder económico elevadíssimo. Os portugueses são estimados e reconhecidos pelos trabalhos efectuados. São agentes culturais de diversos extractos sociais mas o reconhecimento é enorme” garantiu, reconhecendo que Leonardo Jardim, apesar do seu enorme estatuto, “continua a ser um técnico muito humilde, metódico com grandes condições de trabalho mas guarda sempre toda a trajectória que teve até chegar à ribalta”.
Não acha realista, todavia, adaptar métodos dos monegascos à Camacha. As diferenças são enormes. “Apenas pequenas adaptações porque não possuo quaisquer condições comparadas com as que conheci durante este estágio. No entanto, o trabalho a desenvolver vai ter uma visão de futuro, pois como fiz na época passada, pretendo juntar um grupo experiente com outro mais jovem de forma a fazê-los crescer no aspecto competitivo. Há atletas com condições para trabalhar e explorar numa temporada que se apresenta como um grande desafio, uma vez que vamos encontrar novas equipas, as quais ainda não conheço e isso vai tornar a época num desafio aliciante” concluiu José Barros.